quinta-feira, dezembro 30, 2010

Há um eclipse parcial do Sol brevemente

A Terra vai viver seis eclipses em 2011
Portugal acorda com um eclipse do Sol a 4 de Janeiro

Este ano o mundo vai viver quatro eclipses solares

Na próxima terça-feira de manhã os portugueses vão poder ver o primeiro eclipse de 2011. A Lua vai tapar o Sol parcialmente. Durante o resto do ano, vão acontecer mais três eclipses solares e dois lunares, Portugal só vai conseguir ver o primeiro eclipse lunar.

O eclipse de 4 de Janeiro começa às 6h40 e termina às 11h00 (hora de Portugal). No pico do eclipse, na zona que abrange o território, o Sol vai ficar tapado entre os 40 e os 60 por cento. A região da Escandinávia e da Rússia vai sentir o máximo do fenómeno. O centro de África e grande parte da Ásia vão também poder observar o eclipse.

O outro fenómeno observado em Portugal vai ser o eclipse total da Lua, quando a Terra tapar a luz do Sol que bate no satélite. O eclipse será dia 15 de Junho durante o nascimento da Lua, entre as 19h22 e as 23h22 (hora de Portugal). Parte do eclipse vai ser mais difícil de observar porque em Junho o Sol põe-se mais tarde.

Durante o ano vão acontecer mais três eclipses do Sol. O primeiro a 1 de Junho, que poderá ser observado na Ásia, América do Norte e Islândia. O segundo a 1 de Julho e o terceiro a 25 de Novembro, ambos terão menos assistência, já que se situam no pólo Sul. Nenhum destes três eclipses vai ser total.

Portugal vai perder o segundo eclipse da Lua por pouco. Dia 10 de Dezembro a Lua vai esconder-se entre as 11h33 e as 17h30 (hora de Portugal), desde a América do Norte, até à parte Ocidental da Europa. Mas quando chegar a Portugal, por volta das 17h30, já a Lua está a sair da zona de penumbra. É a Ásia que vai ter oportunidade de ver o fenómeno na sua totalidade.

Em 2012 o número de eclipses vai decrescer, serão dois solares e dois lunares.

sexta-feira, dezembro 24, 2010

Natal de 2010 - o nosso poema

Como sempre, a minha mãe escreveu um bonito poema que, em conjunto com o meu pai, lhes serve para mandar as boas festas aos amigos. E agora, é com essa mesma poesia, que desejamos Festas Felizes aos amigos e leitores do nosso blog...




O nosso Menino Jesus


    FEIOSA!!!!
    Era assim que me via,
    quando me mirava
        espantada,
    nos espelhos embaciados
    dos meus olhos molhados!


Limpava-os, a correr,
p'ra ninguém ver,
sacudia o meu avental de chita,
e vinha logo a minha mãe
      consolar-me
     e afirmar-me
-Mas tu és bonita!...
(E, num sim profundo):
a mais linda do mundo!


        Depois a mamã partiu,
        num raio de luar;
        e eu voltei
        a cismar... a cismar...
        que era feiosa...
        ...teimosa...ranhosa...
        e tudo terminado em osa
        menos mentirosa,
        formosa e rosa.


Até que um dia,
senti alguém a bater-me nas costas...
Virei e, de mãos postas,
encarei com o Menino Jesus
    todo sol e luz:
-Mas tu és bonita,
a mais linda do mundo!


        Oh! Era assim que dizia a mãezinha
           tal e qual.
        -Pois é, sabes que foi ela,
         ela e Mãe Maria,
        que me obrigaram
        a vir animar-te,
         socorrer-te...
        e ensinaram-me
        como havia de dizer-te.


Agora fico até ao Natal!...
-Então vais para a nossa casa,
    (tão vazia)
e dormes com muitos cobertores,
   na cama macia
dos nossos pardais desertores.


        (Eu sei que ninguém acredita em mim,
        mas eu nunca fui mentirosa
        e até, juro, pelos diamantes da minha cozinha,
        que é mesmo verdade, verdadinha.
        Eu seja ceguinha!)


E, já agora, vens connosco
até ao lar de quem amamos
e a quem queremos bem
levar-lhes a Tua Luz tão bela,
a Tua estrela,
com raios de Paz,
Saúde, Alegria
e muito, muito Carinho
de mão dada
com a MariAlice
  e o Agostinho

            Natal - 2010

domingo, dezembro 19, 2010

Os próximos eclipses

Post em estereofonia com o blog AstroLeiria:


Este post é só para recordar que na final da noite e início da manhã de 21 de Dezembro de 2010 haverá um eclipse total da Lua cuja parte final será visível em Portugal.

Assim a Lua entra na penumbra às 05.28 horas, na sombra às 06.32 horas e o eclipse total começa às 07.40 horas, pondo-se pouco depois, à hora a que nasce o Sol, aproximadamente às 07.51 horas.

Depois há ainda que recordar que há que em 2011 há seis eclipses:
  • 04 de Janeiro: Eclipse Parcial do Sol
  • 01 de Junho: Eclipse Parcial do Sol
  • 15 de Junho: Eclipse Total da Lua
  • 01 de Julho: Eclipse Parcial do Sol
  • 25 de Novembro: Eclipse Parcial do Sol
  • 10 de Dezembro: Eclipse Total da Lua 
Infelizmente destes só o de 15 de Junho de 2011 será razoavelmente visível em Portugal - o de 10 de Dezembro de 2011 também será parcialmente visível, mas só na fase penumbral, nada interessante...

Para mais informações, sugere-se a visita aos seguintes sites:

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Hoje é dia da nossa Rainha...!

(imagem daqui)
Celebra-se hoje a festa da Imaculada Conceição de Maria, padroeira e rainha de Portugal. Foi D. João IV quem decidiu consagrar o país a Nossa Senhora, após a restauração da independência, desde então nunca mais os Reis portugueses voltaram a colocar a coroa na cabeça.


Uma devoção com raízes que se perdem no tempo, como recorda o reitor do Santuário de Vila Viçosa, padre Mário Tavares de Oliveira. “Vila Viçosa é o primeiro tempo dedicado à Imaculada Conceição na Península Ibérica, que denota no século XIV um crescendo desta devoção, culminando com o acto de D. João IV, que no dia 25 de Março de 1646, proclama Nossa Senhora da Conceição padroeira de Portugal.”


Como acontece sempre nesta data, o Santuário de Vila Viçosa volta a acolher hoje a grande peregrinação anual. 
in RR - ler notícia

domingo, novembro 28, 2010

Semana da Ciência e da Tecnologia - Tertúlia on-line (IV)


Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.


in Movimento Perpétuo, 1956 - António Gedeão

sábado, novembro 27, 2010

Semana da Ciência e da Tecnologia - Tertúlia on-line (III)

Adriano Correia de Oliveira - Fala do Homem Nascido 

Poema: António Gedeão
Música: José Niza



Venho da terra assombrada,
Do ventre de minha mãe;
Não pretendo roubar nada
Nem fazer mal a ninguém.

Só quero o que me é devido
Por me trazerem aqui,
Que eu nem sequer fui ouvido
No acto de que nasci.

Trago boca para comer
E olhos para desejar.
Tenho pressa de viver,
Que a vida é água a correr.
Venho do fundo do tempo;
Não tenho tempo a perder.

Minha barca aparelhada
Solta o pano rumo ao norte;
Meu desejo é passaporte
Para a fronteira fechada.
Não há ventos que não prestem
Nem marés que não convenham,
Nem forças que me molestem,
Correntes que me detenham.

Quero eu e a Natureza,
Que a Natureza sou eu,
E as forças da Natureza
Nunca ninguém as venceu.

Com licença! Com licença!
Que a barca se fez ao mar.
Não há poder que me vença.
Mesmo morto hei-de passar.
Com licença! Com licença!
Com rumo à estrela polar.

(in "Cantaremos", Orfeu, 1970, reed. Movieplay, 1999)

Semana da Ciência e da Tecnologia - Tertúlia on-line (II)


Adriano Correia de Oliveira - Fala do Homem Nascido 

Poema: António Gedeão
Música: José Niza



Venho da terra assombrada,
Do ventre de minha mãe;
Não pretendo roubar nada
Nem fazer mal a ninguém.

Só quero o que me é devido
Por me trazerem aqui,
Que eu nem sequer fui ouvido
No acto de que nasci.

Trago boca para comer
E olhos para desejar.
Tenho pressa de viver,
Que a vida é água a correr.
Venho do fundo do tempo;
Não tenho tempo a perder.

Minha barca aparelhada
Solta o pano rumo ao norte;
Meu desejo é passaporte
Para a fronteira fechada.
Não há ventos que não prestem
Nem marés que não convenham,
Nem forças que me molestem,
Correntes que me detenham.

Quero eu e a Natureza,
Que a Natureza sou eu,
E as forças da Natureza
Nunca ninguém as venceu.

Com licença! Com licença!
Que a barca se fez ao mar.
Não há poder que me vença.
Mesmo morto hei-de passar.
Com licença! Com licença!
Com rumo à estrela polar.

(in "Cantaremos", Orfeu, 1970, reed. Movieplay, 1999)

sexta-feira, novembro 26, 2010

Semana da Ciência e da Tecnologia - Tertúlia on-line

Rómulo Vasco da Gama de Carvalho/António Gedeão
(Lisboa, 24.11.1906 - Lisboa, 17.02.1997)
(Caricatura in Blog Desenhos do Rui)

Filho de um funcionário dos correios e telégrafos e de uma dona de casa, Rómulo Vasco da Gama de Carvalho nasceu a 24 de Novembro de 1906 na lisboeta freguesia da Sé. Aí cresceu, juntamente com as irmãs, numa casa modesta da rua do Arco do Limoeiro (hoje rua Augusto Rosa), no seio de um ambiente familiar tranquilo, profundamente marcado pela figura materna, cuja influência foi decisiva para a sua vida.

Na verdade, a sua mãe, apesar de contar somente com a instrução primária, tinha como grande paixão a literatura, sentimento que transmitiu ao filho Rómulo, assim baptizado em honra do protagonista de um drama lido num folhetim de jornal. Responsável por uma certa atmosfera literária que se vivia em sua casa, é ela que, através dos livros comprados em fascículos, vendidos semanalmente pelas casas, ou, mais tarde, requisitados nas livrarias Portugália ou Morais, inicia o filho na arte das palavras. Desta forma Rómulo toma contacto com os mestres - Camões, Eça, Camilo e Cesário Verde, o preferido - e conhece As Mil e Uma Noites, obra que viria a considerar uma da suas bíblias. 
 
Criança precoce, aos 5 anos escreve os primeiros poemas e aos 10 decide completar "Os Lusíadas" de Camões. No entanto, a par desta inclinação flagrante para as letras, quando, ao entrar para o liceu Gil Vicente, toma pela primeira vez contacto com as ciências, desperta nele um novo interesse, que se vai intensificando com o passar dos anos e se torna predominante no seu último ano de liceu.

Este factor será decisivo para a escolha do caminho a tomar no ano seguinte, aquando da entrada na Universidade, pois, embora a literatura o tenha acompanhado durante toda a sua vida, não se mostrava a melhor escolha para quem, além de procurar estabilidade, era extremamente pragmático e se sentia atraído pelas ciências justamente pelo seu lado experimental. Desta forma, a escolha da área das ciências, apesar de não ter sido fácil, dá-se.

E assim, enquanto Rómulo de Carvalho estuda Ciências Físico-Químicas na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, as palavras ficam guardadas para quando, mais tarde, surgir alguém que dará pelo nome de António Gedeão.

Em 1932, um ano depois de se ter licenciado, forma-se em ciências pedagógicas na faculdade de letras da cidade invicta, prenunciando assim qual será a sua actividade principal daí para a frente e durante 40 anos - professor e pedagogo.

Começando por estagiar no Liceu Pedro Nunes e ensinar durante 14 anos no Liceu Camões, Rómulo de Carvalho é, depois, convidado a ir leccionar para o liceu D. João III, em Coimbra, permanecendo aí até, passados oito anos, regressar a Lisboa, convidado para professor metodólogo do grupo de Físico-Químicas do Liceu Pedro Nunes.

Exigente, comunicador por excelência, para Rómulo de Carvalho ensinar era uma paixão. Tal como afirmava sem hesitar, ser Professor tem de ser uma paixão - pode ser uma paixão fria mas tem de ser uma paixão. Uma dedicação. E assim, além da colaboração como co-director da "Gazeta de Física" a partir de 1946, concentra, durante muitos anos, os seus esforços no ensino, dedicando-se, inclusive, à elaboração de compêndios escolares, inovadores pelo grafismo e forma de abordar matérias tão complexas como a física e a química. Dedicação estendida, a partir de 1952, à difusão científica a um nível mais amplo através da colecção Ciência Para Gente Nova e muitos outros títulos, entre os quais Física para o Povo, cujas edições acompanham os leigos interessados pela ciência até meados da década de 1970. A divulgação científica surge como puro prazer - agrada-lhe comunicar, por escrito e com um carácter mais amplo, aquilo que, enquanto professor, comunicava pela palavra.

A dedicação à ciência e à sua divulgação e história não fica por aqui, sendo uma constante durante toda a sua a vida. De facto, Rómulo de Carvalho não parou de trabalhar até ao fim dos seus dias, deixando, inclusive trabalhos concluídos, mas por publicar, que por certo vêm engrandecer, ainda mais, a sua extensa obra científica.

Apesar da intensa actividade científica, Rómulo de Carvalho não esquece a arte das palavras e continua, sempre, a escrever poesia. Porém, não a considerando de qualidade e pensando que nunca será útil a ninguém, nunca tenta publicá-la, preferindo destruí-la.

Só em 1956, após ter participado num concurso de poesia de que tomou conhecimento no jornal, publica, aos 50 anos, o primeiro livro de poemas Movimento Perpétuo. No entanto, o livro surge como tendo sido escrito por outro, António Gedeão, e o professor de física e química, Rómulo de Carvalho, permanece no anonimato a que se votou.

O livro é bem recebido pela crítica e António Gedeão continua a publicar poesia, aventurando-se, anos mais tarde, no teatro e,depois, no ensaio e na ficção.

A obra de Gedeão é um enigma para os críticos, pois além de surgir, estranhamente, só quando o seu autor tem 50 anos de idade, não se enquadra claramente em qualquer movimento literário. Contudo o seu enquadramento geracional leva-o a preocupar-se com os problemas comuns da sociedade portuguesa, da época.
Nos seus poemas dá-se uma simbiose perfeita entre a ciência e a poesia, a vida e o sonho, a lucidez e a esperança. Aí reside a sua originalidade, difícil de catalogar, originada por uma vida em que sempre coexistiram dois interesses totalmente distintos, mas que, para Rómulo de Carvalho e para o seu "amigo" Gedeão, provinham da mesma fonte e completavam-se mutuamente.

A poesia de Gedeão é, realmente, comunicativa e marca toda uma geração que, reprimida por um regime ditatorial e atormentada por uma guerra, cujo fim não se adivinhava, se sentia profundamente tocada pelos valores expressos pelo poeta e assim se atrevia a acreditar que, através do sonho, era possível encontrar o caminho para a liberdade. É deste modo que "Pedra Filosofal", musicada por Manuel Freire, se torna num hino à liberdade e ao sonho.E, mais tarde, em 1972, José Nisa compõe doze músicas com base em poemas de Gedeão e produz o álbum "Fala do Homem Nascido".

O professor Rómulo de Carvalho, entretanto, após 40 anos de ensino,em 1974, motivado em parte pela desorganização e falta de autoridade que depois do 25 de Abril tomou conta do ensino em Portugal, decide reformar-se. Exigente e rigoroso, não se conforma com a situação. Nessa altura é convidado para leccionar na Universidade mas declina o convite.

Incapaz de ficar parado, nos anos seguintes dedica-se por inteiro à investigação publicando numerosos livros, tanto de divulgação científica, como de história da ciência. Gedeão também continua a sonhar, mas o fim aproxima-se e o desejo da morrer determina, em 1984, a publicação de Poemas Póstumos.

Em 1990, já com 83 anos, Rómulo de Carvalho assume a direcção do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa, sete anos depois de se ter tornado sócio correspondente da Academia de Ciências, função que desempenhará até ao fim dos seus dias.

Quando completa 90 anos de idade, a sua vida é alvo de uma homenagem a nível nacional. O professor, investigador, pedagogo e historiador da ciência, bem como o poeta, é reconhecido publicamente por personalidades da política, da ciência, das letras e da música.

Infelizmente, a 19 de Fevereiro de 1997 a morte leva-nos Rómulo de Carvalho. Gedeão, esse já tinha morrido alguns anos antes, aquando da publicação de Poemas Póstumos e Novos Poemas Póstumos.

Avesso a mostrar-se, recolhido, discreto, muito calmo, mas ao mesmo tempo algo distante, homem de saberes múltiplos e de humor subtil, Rómulo de Carvalho que nunca teve pressa, mas em vida tanto fez, deixa, em morte, uma saudade imensa da parte de todos quantos o conheceram e à sua obra.

Semana da Ciência e da Tecnologia 2010

Como todos os anos, o autor destas linhas participa nas actividades da Ciência Viva que comemoram o nascimento de Rómulo de Carvalho/António Gedeão, neste caso a Semana da Ciência e da Tecnologia 2010, embora este ano com mais dificuldade - a doença grave de um familiar assim o obriga... - mas fazendo-se o que se pode.
Assim o Blog participa, conjuntamente com os Blogues Geopedrados, Ciências Correia Mateus, GeoLeiria, AstroLeiria, XadrezLeiria, Vila Franca das Naves, Escabralhado, 9º A, 9º B e 9º C (três últimos da Escola Correia Mateus) nas seguintes actividades:
A actividade que é referida em primeiro lugar terá direito a diversos posts em breve aqui no Blog...

O cantor Fausto faz hoje 62 anos!

segunda-feira, novembro 01, 2010

Hoje é Dia da Papoila

Recordemos que se celebram hoje os 92 anos do terminus da I Grande Guerra e que  há uma tradição anglo-saxónica (no Reino Unido, Austrália e no Canadá, onde este é um dia muito especial, conhecido como o Remembrance Day) de celebrar-se tal facto recorrendo a papoilas de papel (que são vendidas para apoiar os antigos combatentes - desta e de outras guerras).

Isto deve-se a um poema do ex-combatente canadiano John McCrae (1872-1918), médico e tenente-coronel que, depois de enterrar um amigo, em 1915, escreveu o seguinte texto:

In Flanders’ Fields


In Flanders’ Fields the poppies blow
Between the crosses, row on row,
That mark our place; and in the sky
The larks, still bravely singing, fly
Scarce heard amid the guns below.

We are the dead. Short days ago
We lived, felt dawn, saw sunset glow,
Loved, and were loved, and now we lie
In Flanders’ Fields.

Take up our quarrel with the foe:
To you from failing hands we throw
The torch; be yours to hold it high.
If ye break faith with us who die
We shall not sleep, though poppies grow
In Flanders’ Fields.


NOS CAMPOS DE FLANDRES - Tradução livre

Nos campos de Flandres crescem as papoilas
E florescem entre as cruzes que, fila a fila,
Marcam o nosso lugar; e, no céu,
Voam as cotovias, que continuam corajosamente a cantar,
Embora mal se ouça seu canto, por causa dos canhões.

Estamos mortos... Ainda há poucos dias, vivos,
sim, nós amávamos, nós éramos amados;
sentíamos a aurora e víamos o poente
a rebrilhar, e agora eis-nos, todos deitados
nos campos de Flandres.

Continuai a nossa luta contra o inimigo;
A nossa mão vacilante atira-vos o facho:
mantende-o bem alto. Que, se a nossa vontade trairdes,
nós, que morremos, não poderemos dormir,
ainda mesmo que floresçam as papoilas
nos campos de Flandres.

Tradução/adaptação de Pedro Luna



Recordemos então os mortos, incluindo o autor do poema (que faleceu de pneumónica e meningite, quase no final da Guerra) e o seu camarada de armas a quem dedicou a poesia, bem como alguns conterrâneos que morreram nesse conflito. Até porque é honrando os que lutaram (às vezes ingloriamente e, por vezes, sem ser ser por uma justa causa) que iremos recordar que a Guerra é sempre má. E lembremos também a americana Moira Michael, que escreveu uma réplica ao poema e ajudou a perpetuar a celebração da data - Remembrance Day, Veterans Day, Poppy Day ou Armistice Day, consoante o país - o nosso Dia do Armistício:

Oh! You who sleep in Flanders’ fields,
Sleep sweet – to rise anew;
We caught the torch you threw;
And holding high we kept
The faith with those who died.
We cherish, too, the Poppy red
That grows on fields where valour led.
It seems to signal to the skies
That blood of heroes never dies,
But lends a lustre to the red
Of the flower that blooms above the dead
In Flanders’ Fields.
And now the torch and poppy red
Wear in honour of our dead
Fear not that ye have died for naught
We’ve learned the lesson that ye taught
In Flanders’ Fields.

Futebol - empates da nossa equipa na segunda e terceira jornadas

VF Naves 1 - 1 Pinhel
Empate a um prevalece em partida equilibrada


Dia de sol no estádio do Picoto para receber as duas equipas naquele que é considerado por muitos como o “derby” local. De um lado a equipa da Associação Cultural e Desportiva (ACD) de Vila Franca das Naves, vinda de uma pesada derrota frente ao Vila Cortês. Do outro a União Desportiva os “Pinhelenses” (UDP) que venceu em casa o Soito na primeira jornada. As duas formaturas defrontaram-se agora na segunda jornada e conseguiram apenas empatar, ambas com um golo.

Perante um grande número de adeptos que não quiseram deixar de marcar presença, os jogadores das duas equipas entraram em campo e cedo mostraram que queriam ganhar, com os vários lances que sucederam de parte a parte, embora todos sem perigo aparente.

Foi preciso esperar até ao primeiro quarto de hora para alguém criar algum perigo. E foi por duas vezes que a baliza do Vila Franca esteve em risco. Na primeira, Vítor apareceu no lado direito do ataque do Pinhel rematou cruzado, mas o guarda-redes Aires tocou na bola que acabou por sobrar para o outro lado. Na sequência do lance, os homens do Pinhel insistiram mas Aires, mais uma vez, defende. Poucos minutos depois o guarda-redes do Vila Franca esteve novamente em destaque quando foi obrigado à defesa da tarde, após remate de Vítor.

Aires dava assim mais confiança à equipa da casa que foi, a partir daqui, quem mais procurou o golo. Aos 18’ Mika ganhou a bola no meio campo, conduziu para a grande área adversária, trocou várias vezes com Alexandre, mas os dois acabam por se desentender e a bola acabou por sair. Mais um desentendimento, desta vez entre Mendo e o guarda-redes Gaspar quase resultou em golo, quando Daniel rematou. Mas a bola acabou por passar ao lado.

E aos 39’ minutos é mesmo a equipa de fora que acabou por marcar, após a marcação de um livre do lado esquerdo do ataque de Pinhel, Diogo rematou, a bola passou por todos e acabou por entrar na baliza do Vila Franca. Estava assim feito o um a zero no marcador. Resultado com que se foi para intervalo.

Equipa da casa iguala o marcador

Na segunda parte a grupo da casa voltou disposto a marcar para empatar a partida e logo nos primeiros minutos Mika rematou por cima da barra da baliza de Pinhel. Mas foi aos 60’ minutos que o resultado ficou igual, quando o recém-entrado Dani recebeu a bola do lado direito da ataque de Vila Franca, rematou cruzado e fez o um a um, e fixou o marcador.

Depois do golo os ataques passaram a acontecer nos dois lados do campo. Por duas vezes, Celso apareceu a cabecear na grande área adversária mas Aires defendeu sempre e foi negando assim o golo aos adversários. Aos 78 minutos, a equipa da casa reclamou uma grande penalidade, mas o árbitro da partida, Sérgio Guelhas nada assinalou.

Minutos depois, a bola chegou mesmo a entrar na baliza do Vila Franca, mas o árbitro marcou posição irregular, não alterando assim o resultado. As duas equipas repartiram os pontos e os dois treinadores mostraram-se satisfeitos com o desfecho da partida.



Vilanovenses e Vila Franca das Naves empataram a zero na terceira jornada do Distrital da Guarda
Expulsão quebrou qualidade ao jogo
Aires trava uma tentativa de ataque da equipa da casa

O Vilanovenses recebeu o Vila Franca das Naves com o objectivo de manter a liderança no campeonato face a um adversário que ainda não tinha vencido, mas que se esperava muito defensivo neste jogo.

No entanto, a equipa visitante apresentou-se com vontade de alcançar pontos e a luta pela posse de bola foi bastante grande nos minutos iniciais, com o encontro a ser disputado muito a meio- campo. Até que aos 30’, uma entrada mais dura de André valeu-lhe a expulsão, o que veio a condicionar a equipa dos Vilanovenses e, sobretudo, a qualidade do jogo. Ainda assim, os locais foram muito mais fortes e poderiam mesmo ter marcado, mas o guarda-redes Aires não o permitiu.

A segunda parte não foi diferente e houve poucas jogadas de perigo dos visitantes, que estavam mais inclinados para o empate. Assim, acabou por ser um jogo “insosso”, também por culpa de Bruno Pinto. O árbitro teve que ouvir o que não queria do público por não utilizar um critério uniforme, prejudicando a qualidade do jogo. Se para os Vilanovenses este foi um empate amargo, o ponto conquistado num campo muito difícil foi importante para o Vila Franca das Naves.

A propósito do roubo do nosso Agrupamento de Escolas

Se quem tem responsabilidades diz isto, então ainda há esperança de tudo voltar ao princípio...

Divulgo e saúdo posição do Conselho das Escolas sobre os conhecidos Mega-Agrupamentos:

Regulamentação do ponto 6, artigo 6º do DL nº 75/2008, de 22 de Abril -
em resumo: "Em linhas gerais e relativamente ao encerramento de estabelecimentos de educação e à extinção de agrupamentos de escolas, o Conselho das Escolas considera:

a. Que é fundamental o envolvimento das comunidades educativas locais nas tomadas de decisão e que não se podem impor alterações profundas na rede escolar – como sejam o encerramento de estabelecimentos de educação e a extinção, simples ou por agregação, de agrupamentos de escolas – sem envolver as respectivas comunidades educativas e sem obter a anuência das instituições que as representam, desde logo, a Câmara Municipal;

b. Que as escolas e agrupamentos de escolas são instituições-âncora necessárias à fixação das populações no território e se constituem como instrumentos de planeamento regional, imprescindíveis a um combate eficaz à desertificação do interior do país e à diminuição das fortes assimetrias regionais que se têm vindo a agravar;

Pelo que:
c. Discorda de qualquer encerramento/extinção de escolas/agrupamentos efectuados à revelia das escolas e dos respectivos Conselhos Gerais,
d. Discorda de qualquer encerramento/extinção de escolas/agrupamentos, da iniciativa das DREs, que não obtenham o acordo expresso das respectivas Câmaras Municipais, antecedido de pareceres formais dos respectivos Conselhos Municipais de Educação,
e. Discorda de qualquer encerramento/extinção de escolas/agrupamentos, da iniciativa das Câmaras Municipais, sem pareceres concordantes dos respectivos Conselhos Municipais de Educação e que não obtenham o acordo expresso das respectivas DREs."

Enquanto Presidente de uma Assembleia Municipal e membro por inerência de um Conselho Municipal de Educação não deixarei de tomar posição.

in terrear - post de José Matias Alves

sexta-feira, outubro 15, 2010

Futebol - o nosso campeonato começou mal...

Vila Cortês 6 - 1 V. Franca
Vila Cortês vence e convence

Nesta que foi a jornada inaugural do Campeonato Distrital da I Divisão da AFG, uma das equipas candidatas aos primeiros lugares, o Vila Cortês, recebeu e venceu a formação de Vila Franca das Naves, que regressou este ano ao convívio dos chamados ‘grandes’ do futebol distrital. Este começo não poderia ter sido melhor para a equipa da casa que goleou por 6-1.

Os locais foram superiores ao adversário e nem o facto de terem ficado reduzidos a dez elementos aos 55 minutos por expulsão de Hugo Neves tirou maior poder ofensivo à equipa do concelho da Guarda.

A formação orientada por Carlos Ascenção fez o que pode para tentar contrariar esta tendência, mas a defesa local mostrou-se atenta e impediu que a bola chegasse à baliza de Necas.

Aos 11 minutos, num lance muito confuso, o esférico acabou por sobrar para Gaspar que, de cabeça, inaugurou o marcador. No minuto seguinte, João Almeida esteve perto de ampliar a vantagem mas Aires voltou a responder com uma excelente defesa.

Perto da meia hora de jogo foi Necas quem passou por dificuldades ao sair em falso a um lance de ataque do Vila Franca. Antes do intervalo, Rui Santos surgiu isolado perante o guarda-redes e aumentou a vantagem.

Locais jogam com dez unidades

No recomeço do encontro, havia ainda a expectativa de que o Vila Franca das Naves conseguisse discutir o resultado. No entanto, é a equipa da casa que aumenta o marcador. Poucos minutos depois o Vila Cortês fica reduzido a dez elementos. Chamado a converter o castigo máximo, Futre não perdoou e reduziu a desvantagem.

Os locais voltaram a marcar por intermédio de Vítor Hugo. O defesa voltou a estar em destaque ao apontar o 5º golo e, nos últimos instantes da partida foi Hugo Veloso quem estabeleceu o resultado final.

Um resultado justo para a equipa da casa que inicia com o ‘pé direito’ mais uma prova, embora que para a equipa adversária tenha sido algo pesado e até inesperado.

Plantel 2010/11 da Associação Cultural e Desportiva de Vila Franca das Naves

Plantel: Guarda-redes – Aires; Defesas – Diogo, Diogo Achando (ex-Fornotelheiro), Bengas (ex-Celoricense), Marco, Ginha (ex-Pala), Luís e Stephan (ex-Lageosa do Mondego; Médios – Cadete, Toneca, Alexandre (ex-Fornotelheiro), Mica (ex-Pala), Kiko (inactivo); Avançados – Futre, Dani, Valter, Zé, Marcinho (ex-Pala) e Delfim (ex-Pala). 

Treinador – Carlos Ascensão.

Fonte: jornal O Interior

quinta-feira, outubro 14, 2010

O estranho caso do livro desaparecido

Austeridade - O Livro que não existe




O Município de Trancoso adjudicou a "Edição de Obra Bilingue de Promoção Turística de Trancoso" em Abril de 2010, por €44.860,00.

O prazo de execução era de 30 dias pelo que seria de esperar que o livro já estivesse à venda no posto de turismo de Trancoso.

O problema é que o livro não existe.

Num telefonema para o posto de turismo de Trancoso fomos informados de que não sabiam absolutamente nada sobre tal livro e que se o livro existisse este estaria à venda no posto de turismo.

Em posterior contacto o vereador João Carvalho (PPD/PSD) informou o posto de turismo que não havia qualquer informação sobre nenhum livro e que o mesmo não tinha sido discutido em Assembleia Municipal.

Como pode ser um livro adjudicado - e pago supõem-se - sem conhecimento da Assembleia Municipal?

Quantos casos existem semelhantes a este?

in Blog 31 da Sarrafada - post de FF

quarta-feira, outubro 13, 2010

Actualidades televisivas e Mega-Agrupamentos

Associação de Pais do Agrupamento de Escolas de Vidago ganhou (?) a providência cautelar contra a fusão de escolas, segundo a qual a decisão do secretário de estado foi ilegal. Primeira decisão de um tribunal a favor das associações de pais que contestam a criação de mega-agrupamentos.



NOTA: dissemos aqui no Blog que era a via mais correcta para impedir que a ilegalidade que foi a fusão do Agrupamento das Escolas de Vila Franca das Naves com as Escolas de Trancoso. É claro que, embora tarde, ainda é tempo para seguir esta via...

domingo, outubro 03, 2010

Campeonato Distrital 1ª Divisão - o calendário


Para quem quiser consultar o calendário, aqui fica um link para o mesmo da A. F. da Guarda:


Ditou o sorteio, realizado no dia 25 de Setembro, que a Associação Cultural e Desportiva de Vila Franca das Naves comece, em 10 de Outubro de 2010, com uma deslocação a Vila Cortez do Mondego, faça o primeiro jogo em casa contra a União Desportiva "Os Pinhelenses", a 17.10.2010, e termine em 08.05.2011 a jogar, em casa, contra Associação Cultural e Desportiva do Soito.

De salientar que as 26 jornadas terão interrupções a 26 de Dezembro, 2 de Janeiro, 23 Janeiro (Taça), 27 Fevereiro (Taça) e 24 de Abril.

Aos atletas, equipa técnica, sócios e adeptos da equipa da nossa terra expressamos o nosso desejo de boa temporada...

segunda-feira, setembro 27, 2010

O Miguel Madeira partiu há 5 anos


Faz hoje cinco anos que o Miguel foi morto.

Mas nunca te esqueceremos, quem eras e pelo que lutavas.

Enquanto a nossa terra for o que tu sonhaste, tu estarás vivo nos nossos corações...

Obrigado Miguel...!

sábado, setembro 18, 2010

Mega-Agrupamentos - efeitos secundários


Hoje, estive morto. Senti que toda a vida se escapava pelo ar que, aflito e a custo, respirava, enquanto as lágrimas eram gritadas, louco no carro, os olhos à procura, à procura, à procura.

Morri, ali.

A minha filha deveria sair da Escola, na Parede, apanhar uma carrinha do ATL e eu ia buscá-la.

O que é que aconteceu? O cartão da escola, que supostamente controla as entradas e saídas dos alunos, valeu zero. Ela saiu, porque viu uma carrinha de ATL e entrou. Era o ATL errado. Ninguém lhe perguntou o nome, não houve uma chamada, nada. Ela entrou com uma colega e só após duas horas de aflição indizível, comigo à procura dela por todo o lado, é que o telefone tocou. De um "After School", a perguntar se eu era o pai de uma Mafalda Ribeiro, que eles tinham, aflita, a pedir para ligarem ao pai. Aliás foi ela que falou: "papá?"

Durante duas horas, morri. Percorri ruas de possíveis percursos, olhei para todas as sombras, parques infantis, supermercados, escola antiga, liguei para os pais de colegas dela, todos os absurdos e horrores passaram pela minha cabeça, chamei o seu nome, entre choro, em ruas e em todos os recantos da escola. Nada. Evaporou-se. Horrível. Uma tristeza, uma aflição, um horror que nunca mais vou esquecer. E quando o telefone tocou e era ela, aquela voz doce da minha princesa, minha vida, meu ar, meu sopro de vida, eu soube o que era renascer. E desfiz-me em lágrimas de novo, e dali até ao tal After School, que teve a minha filha à sua guarda por engano, até ela pedir para ligarem ao pai, levei um segundo e levei toda a vida. Obrigado meu Deus, obrigado! Estacionei às tês pancadas, voei em passo trocado de nervos, pela rua fora, Mafaldinha, Mafaldinha, Mafaldinha, cego de amor aflito, só há descanso e vida quando a abraçar e estiver tudo bem.

Quando a abracei, e ela, agarrada a mim, me disse, apenas: "Olá Papá" eu soube que tinha renascido. E ela também, coitadinha.

Como cartão de visita da nova escola, estou esclarecido. Tantas referências boas e afinal é isto: no primeiro dia, por maioria de razão, deveria existir um ainda mais rigoroso controlo de entradas e saídas, mas quando cheguei o portão estava escancarado, como deveria estar quando a Mafalda viu uma carrinha do ATL a chegar, estava na hora e ela saiu da escola e entrou na carrinha. Ninguém perguntou nada, ninguém fez nada.
E um ATL mete um grupo de crianças numa carrinha, não pergunta nomes, não verifica nada e só ao fim de duas horas é que, perante a aflição de uma criança de 10 anos a pedir para ligarem ao pai é que se acaba com este horror?

Quando penso na forma como desaparecem crianças, para sempre, todos os dias, penso que esses pais e filhos terão sentido isto, e muitos, mesmo sobrevivendo, morreram para sempre.

Eu tive a sorte de poder renascer.

E sei que, a partir de hoje, ganhei uma nova causa: fazer tudo o que estiver ao meu alcance para contribuir para uma Escola responsável, atenta, segura, onde os nossos filhos aprendem e podemos, enquanto pais, estar descansados.

Quando depois desta tarde de horror, fui buscar o pequeno Gonçalo ao colégio e ele me disse, comprometido, "Papá, parti os óculos a jogar à bola" eu disse para mim: que importância é que isso tem? Nenhuma, realmente, não tem nenhuma importância.

Não podia dizer-lhe que o pai hoje tinha aprendido o que é morrer e tinha tido a bênção de poder nascer de novo.

in blog dias úteis

XI Simpósio Internacional de Arte do Feital

XI Simpósio Internacional de Arte do Feital

1 a 21 de Setembro de 2010

O Simpósio Internacional de Arte do Feital (SIAF) é uma residência bienal onde artistas plásticos portugueses e estrangeiros, a convite de Maria Lino, trabalham durante três semanas em cada ano à volta de um tema, numa relação estreita com a aldeia e a natureza, terminando com uma exposição pública dos trabalhos realizados, no Atelier Temos Tempo.

No Simpósio deste biénio, sob o tema “olha para a forma”, participam: Alberto Carneiro, Carl Vetter, Catarina Rosendo, Doris Cordes-Vollert, Gagel, Inken N. Woldsen, Mariana Fernandes, Mónica Nunes, Sibylle Badstuebner-Groeger, Telma Santos e Tiago de Oliveira.


NOTA: mais informações - AQUI.


domingo, setembro 12, 2010

As mentiras do Ministério da Educação e da Anarquia desmascaradas



Flexibilidade Pedagógica
Os professores portugueses dificilmente não serão os melhores do mundo. Agora há uns que dão a sua disciplina a umas turmas com um manual na escola sede e depois vão dar as outras com outro manual, pois antes cada escola fez as suas escolhas de acordo com o projecto educativo e os respectivos grupos de trabalho.

Agora, com os novos mega-departamentos e mega-grupos disciplinares mistura-se tudo e quero fazer como se fazem planificações integradas e articuladas com cada escola com os seus materiais de apoio. Claro que o manual não é tudo, mas é com os seus materiais – afinal as famílias compram-nos para quê? – que os alunos devem trabalhar e estudar.
Mas, claro, tudo isto é feito por parte do ME privilegiando os aspectos pedagógicos
in A Educação do meu Umbigo - post de Paulo Guinote

segunda-feira, agosto 23, 2010

O Ministério da Anarquia - notícia do Público

Início do ano lectivo
Escolas abrem sem regulamentos internos adaptados ao novo Estatuto do Aluno


"Vai ser um início de ano de loucos", diz o presidente da ANDAEP


O ano lectivo vai arrancar sem que as escolas tenham os regulamentos internos adaptados ao novo Estatuto do Aluno, que ainda nem foi promulgado. Segundo as associações de directores, é necessário entre “um a dois meses” para concluir o processo.

O diploma foi aprovado em votação final no Parlamento a 22 de Julho e enviado para promulgação pelo Presidente da República a 6 de Agosto. Fonte do Palácio de Belém disse à Lusa que “ainda não há qualquer decisão” por parte de Cavaco Silva.

O presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares sublinha que este tipo de documentos, para entrar em vigor no próximo ano lectivo, deveriam chegar às escolas até ao final de Maio, para que haja “um tempo razoável” para a adaptação às novas orientações.

“Para que se façam as adaptações de forma conscienciosa, com critérios, com rigor e para que se encontrem as soluções mais razoáveis é necessário entre um a dois meses”, estima Pedro Araújo, lembrando que as alterações ao regulamento interno necessitam de parecer do conselho pedagógico e aprovação do conselho geral.

Segundo o responsável, sempre que o limite de final de Maio for ultrapassado, as escolas ficam “impedidas” de tomar as melhores decisões, o que, alerta, poderá trazer “prejuízos” para escolas e alunos.


Escolas terão “tempo necessário”

Questionado pela Lusa, o Ministério da Educação sublinhou que será “solicitado oportunamente” às escolas que procedem às adaptações necessárias, garantindo que os estabelecimentos de ensino terão “o tempo necessário”.

Também o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) garante que as escolas já não vão a tempo de regulamentar o Estatuto do Aluno e estima que o processo só esteja pronto no final do primeiro período.

“Os regulamentos internos só vão estar adaptados no final do primeiro período. As alterações implicam uma regulamentação muito bem pensada”, defende Adalmiro Botelho da Fonseca.

Mesmo que o diploma saia em Diário da República nas próximas semanas, Pedro Araújo garante que no primeiro dia de aulas “nenhuma” escola terá o regulamento interno adoptado, pelo que directores, conselhos pedagógicos e conselhos gerais vão ter de trabalhar “em cima do joelho”.

 
Período de transição

“As escolas ou iniciam o ano com o anterior estatuto enquanto estudam o novo, apesar de entrar em vigor no dia seguinte ao da publicação, ou então vão ter de trabalhar em cima do joelho. Mas terá sempre de haver um período de transição”, sublinha Pedro Araújo, director da Escola Secundária de Felgueiras.

Segundo a tutela, no início do ano lectivo vale “o que já se encontra consignado” nos regulamentos internos, desde que “não conflitue” com o novo Estatuto do Aluno.

Por seu turno, o presidente da ANDAEP e director da Escola Secundária de Oliveira do Douro lembra que em Setembro há necessidade de dar andamento a todas as questões relacionadas com o arranque do ano lectivo, como a preparação de aulas, planificação de actividades, reunir conselhos de turma: “Vai ser um início de ano de loucos”. O ano lectivo começa entre 8 e 13 de Setembro no ensino pré-escolar, básico e secundário.


Violência escolar

Cinco meses depois do anúncio, o bullying ainda não foi tipificado como crime no âmbito da violência escolar. O Governo afirma que a matéria será tratada “oportunamente”, a menos de três semanas do arranque do novo ano lectivo.

A 30 de Março, numa audição no Parlamento, a ministra da Educação, Isabel Alçada, anunciou a intenção de levar a Conselho de Ministros uma proposta de alteração ao Código Penal, criando o “crime de violência escolar”, configurado como “crime público”, no qual se incluirá o bullying.

Questionado pela Lusa sobre o atraso na apresentação da proposta, o Ministério da Educação limitou-se a afirmar que esta “é uma matéria que será oportunamente tratada pelo Governo”.

ADENDA: parece-me que dois meses para actualizar os Regulamentos Internos é manifestamente pouco (sei o que digo, sou Presidente de um Conselho Geral...). Mas bem pior estão, neste capítulo (nos outros estão ainda num estado que não atrevo a classificar...), os órgãos dos Mega Agrupamentos: não têm Regulamento Interno em vigor e não têm ainda órgão (Conselho Geral Transitório) que o crie e aprove... Se a anterior Ministra era uma anarquista assumida, esta nova mostra ainda melhor como não se legislar...!

terça-feira, agosto 10, 2010

A importância científica de São Lourenço, recordada no seu dia

Post em estereofonia com o Blog Geopedrados:


(imagem daqui)

Segundo a Igreja Católica, hoje é a data do martírio de São Lourenço de Huesca:

Lourenço de Huesca ou São Lourenço (Huesca ou Valência, Espanha, 225? — Roma, 10 de Agosto de 258) foi um mártir católico e um dos sete primeiros diáconos (guardiões do tesouro da Igreja) da Igreja Cristã, sediada em Roma.
O cargo de diácono era de grande responsabilidade, pois consistia no cuidado dos bens da Igreja e a distribuição de esmolas aos pobres. No ano 257 Valeriano decretou a perseguição dos cristãos e, ao ano seguinte, foi detido e decapitado o Papa Sisto II.
Segundo as tradições, quando o Papa São Sixto se dirigia ao local da execução, São Lourenço ia junto a ele e chorava. "Aonde vai sem o seu diácono, meu pai?", perguntava-lhe. O Pontífice respondeu: "Não penses que te abandono, meu filho, pois dentro de três dias me seguirás".
Após a execução do Papa, o imperador ameaçou a Igreja para entregar as suas riquezas no prazo de 3 dias. Passados três dias, São Lourenço levou as pessoas que foram auxiliadas pela Igreja e os fiéis cristãos diante do imperador. Depois, exclamou a seguinte frase que lhe valeu a morte: "Estes são o património (riquezas) da Igreja". O imperador, furioso e indignado, mandou prendê-lo, e ser queimado vivo sobre um braseiro ardente, por cima de uma grelha. 


Segundo a sabedoria popular, este é um dia para ver como está a vinha (assunto que muito interessa, por motivos óbvios, a geólogos...) - Pelo São Lourenço, vai à vinha e enche o lenço, diz o ditado. Mas o povo, comovido com as lágrimas de Lourenço, despedindo-se do seu chefe espiritual, diz que essas lágrimas são visíveis no céu esta noite e nas seguintes - são as famosas Lágrimas de São Lourenço...

Embora hoje lhes chamemos de Perseidas, há esta bonita estória que devemos recordar - e amanhã falaremos mais deste assunto...!

 (imagem daqui)

quinta-feira, agosto 05, 2010

A anarquia no Ministério da Educação e a fusão de Agrupamentos de Escolas nas notícias - XXXVII

Deixem crescer o trigo!...
por MARIA DO ROSÁRIO GAMA (professora)

Citando Bertold Brecht, "Todos os dias os ministros dizem ao povo Como é difícil governar. Sem os ministros O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima". O problema é quando o trigo quer crescer para cima e as intempéries e as ervas daninhas não o deixam… E o trigo faz falta para o pão!!! E o pão mata a fome!!!

Ao longo dos últimos anos, têm sido variadas as "intempéries"que geraram instabilidade nas escolas, (não deixando o trigo crescer…), desde a criação dos primeiros agrupamentos, às alterações dos planos curriculares, ao estatuto disciplinar do aluno, às alterações ao estatuto da carreira docente (divisão da carreira docente, modelo de avaliação do desempenho dos docentes), só para sublinhar as que mais impacto causaram...

Para que as "sementes" possam germinar sem obstáculos e, consequentemente, para que as escolas tenham condições para garantir a qualidade, são necessários tranquilidade, rigor e exigência como forma de garantir o ambiente propício à eficácia nos processos ensino-aprendizagem. As escolas não se compadecem com alterações permanentes ao nível da sua organização e com ausência total de um olhar mais atento ao êxito real dos alunos, que passa pela reorganização curricular, novos programas, uma cuidada e exigente formação inicial de professores, um devolver da autoridade aos mesmos de forma a garantir um ambiente propício ao trabalho dentro da sala de aula, uma co-responsabilização dos pais/encarregados de educação pelo cumprimento das regras escolares por parte dos seus educandos, uma aferição com a introdução de exames nacionais no fim de cada ciclo e, no ano terminal do secundário (12.º ano), a todas as disciplinas da formação geral e específica.

Desde o dia 14 de Junho de 2010, data em que foi publicada em Diário da República a Resolução 44/2010 do Conselho de Ministros, abateram-se novas "intempéries" sobre as escolas, quer no que se refere ao número mágico de alunos (21), limite para que não sejam encerradas as escolas do 1.º ciclo, quer no que se refere à criação dos "mega-agrupamentos", designados nesta Resolução como "unidades de gestão".

O fecho das escolas, com toda a implicação que tem no contínuo desertificar das zonas interiores, pode justificar-se se os alunos não tiverem equipamentos adequados à sua formação/educação, mas houve muitas freguesias que apetrecharam as suas escolas investindo em equipamentos e criando condições idênticas às das escolas para onde se deslocam agora os alunos. Ora esta medida tem que ser tomada em conjunto com as autarquias, e o facto de ter menos de 21 alunos não deve ser determinante para o encerramento da escola desde que a mesma reúna condições para realizar um trabalho sério e com qualidade. É preciso ter em atenção quão traumatizante é para os alunos, ainda crianças, saírem do seu meio familiar para um ambiente estranho e aí permanecerem durante todo o dia.

Por outro lado, a constituição dos mega-agrupamentos, feita de forma apressada e tendo exclusivamente em conta a localização geográfica, revela o carácter economicista desta medida, o que, a ser posta em prática, se traduzirá numa inequívoca deterioração da qualidade da escola pública, através da desvalorização das questões pedagógicas, dificultando a promoção das aprendizagens, instituindo a direcção à distância, o que cria condições para mais indisciplina e, em resultado disso, mais insucesso e abandono escolar, bem como da indisciplina. Assistimos, pois, a uma quantificação pedagógica em detrimento evidente da qualidade. A gestão de proximidade é fundamental para a resolução de problemas de natureza pedagógica e disciplinar. Os alunos mais novos (aqueles cujas escolas vão ser "engolidas" pelas escolas secundárias) necessitam de uma presença permanente do director/presidente, a quem reconheçam autoridade e a quem obedeçam em caso de perturbação. O abandono escolar não se resolve com a fusão das escolas em "unidades de gestão", designação que mais se adequa a unidades empresariais, que de modo nenhum queremos confundir com espaços de aprendizagem e formação.

Num documento enviado à Sra. Ministra da Educação, um grupo de directores do distrito de Coimbra afirma não compreender que:

"- Se tenha avançado com a mudança do modelo de gestão e administração das escolas que foi polémico, para, passado um ano, se pôr tudo em causa, invocando a necessidade de implementação dos novos agrupamentos, que estavam já previstos;

- Não sejam respeitados os projectos para 4 anos, elaborados pelos órgãos de direcção, e que começam agora a dar os seus frutos;

- Se avance com as fusões nesta altura do ano, em que as escolas estão preocupadas com as avaliações dos seus alunos e já têm muito trabalho feito na preparação do próximo ano lectivo com base nos seus projectos educativos;

- Se lance um novo modelo antes de se definirem as regras a que estes têm que obedecer, deixando as escolas num vazio legislativo;

- O Ministério não respeite o trabalho dos seus colaboradores e que ignore que estes trabalham intensamente para que as suas escolas e alunos tenham sucesso;

- A qualidade de ensino e as questões pedagógicas sejam preteridas a favor de medidas administrativas desenhadas nos gabinetes sem um verdadeiro conhecimento da realidade."

Subscrevi na íntegra este documento e afirmo, com toda a convicção, que o Ministério ainda está a tempo de repor a serenidade nas escolas. Termino como comecei, com uma citação de um poema de Brecht, que se adequa aos tempos que vivemos: "Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem".

quarta-feira, agosto 04, 2010

A anarquia no Ministério da Educação e a fusão de Agrupamentos de Escolas nas notícias - XXXVI

Como se continuam a destruir as escolas portuguesas

Os alegados defensores da escola pública são os seus maiores inimigos. Porque não respeitam alunos e famíliasEstamos na última semana de Julho e há pais a receber em casa cartas a dizerem-lhes que os seus filhos vão mudar de escola. A darem-lhes – teoricamente – a oportunidade de se manifestarem contra essa mudança. E cartas que são assinadas por entidades cuja designação faz lembrar o gonçalvismo: “comissões administrativas” nomeadas para os novos mega-agrupamentos. Comissões que, formalmente, só entram em funções a 1 de Agosto – mas que já estão a assinar cartas.

Isto que se está a passar um pouco por todo o país – desde as aldeias remotas do interior a concelhos das duas grandes áreas metropolitanas – não é incompetência e, muito menos, voluntarismo para “fazer andar as coisas mais depressa”. Isto que se está a passar e está a desorganizar a vida de centenas, talvez milhares de escolas e de um número incalculável de famílias é apenas a mais recente manifestação de autoritarismo e centralismo do monstro da 5 de Outubro. Tudo porque no nosso sistema educativo os cidadãos valem pouco e os funcionários – sobretudo os funcionários mais papistas do que o papa – valem muito.
Tudo começou com duas ideias aparentemente boas: uma, a de que seria importante encerrar todas as escolas com menos de 21 alunos, pois, nestas, o grau de aprendizagem é pior e as crianças não socializam; outra, a de que se poderia gerir de forma integrada a rede de ensino, associando sob a mesma direcção os vários níveis de escolaridade.

É certo que qualquer destas ideias tem problemas. O principal óbice ao puro e simples encerramento de muitas microescolas é que estas são dos últimos sinais de vida em regiões do país totalmente desertificadas e envelhecidas. Perdendo a escola, não perdem apenas a companhia dos miúdos durante o dia, por vezes também perdem os seus pais. Por lá vive-se um definhamento que pagamos caro – que pagamos, por exemplo, nas vagas de incêndios florestais que enfrentamos todos os anos.

Já a teoria de que os mega-agrupamentos podem ser mais eficientes desafia experiências recentes em países como a Finlândia ou os Estados Unidos, que recomendam o regresso a escolas de “dimensão humana”. Ora, de acordo com os dados oficiais, a média do número de alunos por mega-agrupamento é de 1700. Pior: muitos desses alunos estão espalhados por escolas diferentes, que perderam as suas chefias próprias e que agora foram reunidas porque, tal como fizeram com África as potências coloniais, os personagens de Kafka que habitam as Direcções Regionais de Educação pegaram na regra e no esquadro e trataram de cumprir as metas de “racionalização” definidas pelo poder central. Resultado: nos distritos de Viana do Castelo e de Aveiro ficaram no mesmo agrupamento escolas que distam 40 km entre si; no de Braga há um caso em que essa distância sobre para 60 quilómetros. Em muitos concelhos os mega-agrupamentos agrupam 20, 30, 40, 50 escolas diferentes e, pelo menos num caso, a demência foi ao ponto de juntar 63 escolas sob a mesma “comissão administrativa”.
Vamos admitir, mesmo assim, que é bom eliminar todas as escolas com menos de 21 alunos e agrupar as escolas demasiado pequenas. Se existisse apenas esse objectivo, o processo teria de decorrer exactamente ao contrário. Nunca poderia ser uma direcção regional a convocar os directores das escolas e a ordenar-lhes o que deviam fazer. Nunca poderia comunicar-lhes que agora iam “fundir-se” e que, ou se entendiam sobre a nova “comissão administrativa”, ou ela decidiria por eles. Nunca poderia ignorar por completo os pais. Nunca poderia tratar as autarquias locais como parceiros menores. Nunca poderia deixar de prestar contas sobre, por exemplo, quanto dinheiro se poupa com a reestruturação e quanto se gasta, depois, em transportes escolares.

Não é só grave o atabalhoamento legal, que poderá levar pais e autarquias a desencadearem providências cautelares que tornarão ainda mais caótico o regresso às aulas. Não é só grave terem-se dissolvido arbitrariamente órgãos de gestão eleitos há poucos meses, e após um processo de envolvimento das comunidades que nem sempre foi fácil. Não é só grave reinar a opacidade, recusando-se o ministério a entregar a lista das escolas que vão fechar apesar de proclamar que serão (reparem na exactidão) 701. O que se passou e vai passar assusta porque revela, mais uma vez, um ministério que funciona de forma tão “iluminada” como autista. Um ministério para quem a realidade não passa de um empecilho à célere concretização das suas medidas esclarecidas.
Mas tudo isto podia ser bem diferente. Imaginem, por exemplo, que o ministério não tinha poder sobre as escolas, que apenas as podia fiscalizar e assegurar padrões mínimos de aquisição de conhecimentos realizando exames nacionais. Imaginem que as escolas eram responsáveis perante os seus utilizadores: os alunos, os pais, as comunidades locais, os educadores. Imaginem que tinham real autonomia e, face a um orçamento, procuravam fazer o melhor e, naturalmente, ter o maior número de alunos. Imaginem que as autarquias eram verdadeiras parceiras, mais próximas e mais responsabilizáveis do que os burocratas do ministério. Imaginem que as escolas públicas tinham liberdade para encontrarem, nas comunidades mais pequenas, a melhor forma de atender as necessidades locais e, nas comunidades grandes, para concorrerem entre si pela excelência. Imaginem que o sistema não discriminava as escolas privadas e que, se uma criança de uma família pobre quisesse ir para uma escola privada, poderia levar consigo o dinheiro que custaria ao Estado a sua educação se continuasse numa escola pública.

Estranho Portugal seria esse onde os cidadãos seriam mais senhores dos seus destinos do que os burocratas iluminados. Estranho Portugal esse onde o império da cunha e da pequena aldrabice daria lugar a relações transparentes e fiscalizáveis. Estranho Portugal esse que se pareceria com a Suécia, com a Dinamarca, com a Holanda. Estranho Portugal esse onde não oscilaríamos entre o dirigismo salazarista, o dirigismo leninista e o dirigismo socratista. E que belo Portugal…

O que se está a passar este ano com o fecho das pequenas escolas e com os mega-agrupamentos é Portugal deste regime no seu pior. Desta vez, ao contrário do que sucedeu com a avaliação de professores, nem sequer existe uma boa causa, há só burocracia, centralismo e autoritarismo em nome de uns centavos. Desta vez, por causa da época do ano, quase não há reacções. Mas desta vez está-se, ao mesmo tempo, a dar uma terrível machadada na única reforma recente do sistema educativo que ia na boa direcção: a que dava mais autonomia e mais responsabilidade às escolas. Só que essa reforma era uma contradição nos seus próprios termos: Portugal é o país em que o “chefe” quer, pode e manda.

Felizmente nem todos amocham.

in Público (30.07.2010) -Opiniões – José Manuel Fernandes (via A Educação do meu Umbigo)

sexta-feira, julho 30, 2010

Os Mega Agrupamentos e o Ministério da Anarquia


Lei ainda não saiu e já há escolas a transferir alunos


As confederações de pais garantem que há comissões administrativas próvisórias (órgãos directivos dos novos agrupamentos) que antes de tomarem posse estão a decidir a transferência de alunos de escola. O início do ano lectivo ameaça ser caótico, alertam.

O agrupamento de Escolas da Senhora da Hora, em Matosinhos, enviou a pais de alunos uma circular a informar que, devido à fusão com a escola Básica Integrada da Barranha, "decidiu" que no próximo ano lectivo "as turmas do 7º ano funcionarão" nessa escola "e as do 8º e 9º na da Senhora da Hora". No documento, assinado pelo presidente da Comissão Administrativa Provisória (CAP), a que o JN teve acesso, é pedido aos pais "que, caso estejam interessados noutras opções de escola", comuniquem "no prazo de cinco dias úteis, pois as listas dos alunos admitidos terá de ser afixada a 31 de Julho".

O caso não é único, garante ao JN o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), mas a maioria dos casos tem sido comunicada "oralmente". Albino Almeida afirma que o director regional de Educação do Norte o informou, ontem, de que a decisão do agrupamento da Senhora da Hora "já foi resolvida". No entanto, considera, situações idênticas "vão proliferar". As CAP "estão, manifestamente, a dar passos à revelia dos pais", atitude "inqualificável", até porque só tomam posse a 1 de Agosto e contradizem a garantia dada pela ministra, Isabel Alçada, sobre a não transferência de alunos.

A Confap está a aconselhar os pais a "munirem-se de toda a documentação possível" para o caso de as associações decidirem avançar com providências cautelares contra o processo de fusão dos agrupamentos. A confederação, assegura Albino Almeida, vai apoiar essas acções.

O dirigente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação, Rui Martins, também confirmou ao JN que tem recebido queixas de pais sobre a transferência de alunos, por "não saberem sequer onde os filhos vão estudar em Setembro". Na inauguração do centro escolar de Sátão, por exemplo, "nem presidente da câmara, nem secretário de Estado" souberam informar os pais sobre o fecho da escola EB1 de Pedrosas. A confirmação foi dada pelo autarca, dias depois, em reunião promovida pela associação.

"Muitas escolas vão ser encerradas e os pais ainda não sabem". O início do ano lectivo adivinha-se, por isso, "caótico". "Espero que, se a anterior legislatura ficou marcada pelas manifestações de professores, esta possa sê-lo pelos protestos dos pais", sustenta Rui Martins. O JN tentou, sem êxito, obter um comentário do ME sobre a questão. 

in JN - ler notícia